... e outras dúvidas de redação que você sempre teve e não sabia a quem perguntar.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Recado aos meus alunos do 1º colegial
Olá a todos. Como vão vocês? Espero que tenham descansado bastante, porque acabou a moleza. Primeira tarefa: leiam o post imediatamente anterior a este, "O que são gêneros textuais?". Vou passar uma atividade sobre isso na segunda-feira. Até lá e abraços.
O que são gêneros textuais?
Olá a todos. A partir deste post, vamos falar um pouco mais sobre os gêneros textuais, cada vez mais cobrados em vestibulares Brasil afora, inclusive na Unicamp. Simplificando, podemos dizer que gênero textual é como uma "receita" para escrever um texto específico. Se você for escrever uma notícia, por exemplo, é importante saber com que ela se parece. Provavelmente você iria tentar se lembrar de notícias que já leu, identificar o que todas têm em comum e fazer algo no mesmo estilo. O que vai acontecer neste blog é algo muito parecido com isso: vamos ver, comentar e discutir as características que fazem os gêneros, a partir de exemplos retirados do mundo real.
Talvez isso já tenha acontecido com você: após escrever um texto e tirar uma nota boa, você tenta usar a mesma estratégia em todas as redações desse momento em diante. Por exemplo, você faz um poema e é bem sucedido. Na aula seguinte, o professor pede um artigo de opinião e você resolve fazê-lo em verso. Mas o resultado é ruim e você fica com a impressão de que seu professor é incoerente, porque elogiou suas rimas da primeira vez e as criticou na segunda. O que aconteceu na verdade foi o seguinte: o que funciona em um gênero pode atrapalhar em outro. Daí a importância de estudar as características de cada gênero.
Os gêneros textuais são definidos essencialmente por 5 elementos: Propósito, Autor, Interlocutor, Meio e Linguagem.
1 Propósito: a característica mais importante: um texto só funciona se o seu autor sabe exatamente o que pretende com ele. Por isso, a primeira pergunta a ser feita antes de se começar a escrever é “qual é o resultado que eu pretendo atingir com este texto?”.
Alguns propósitos típicos e gêneros em que eles aparecem:
Informar: textos didáticos, notícias, reportagens, palestras, aulas;
Convencer: editoriais, teses;
Persuadir: cartas argumentativas, discursos;
Entreter: contos, romances, novelas, piadas
Emocionar: poemas, romances, novelas, contos
Instruir: receitas, manuais de instruções
Note que um texto pode (e costuma) conter mais de um propósito. Um romance, por exemplo, pode emocionar, entreter, informar e instruir ao mesmo tempo. O importante é que o autor, consciente do resultado que pretende obter, mobilize os recursos mais adequados a cada propósito. Se ele pretende informar, por exemplo, é provável que o texto seja mais direto e menos pessoal. Também é recomendável nesse caso que o autor, ao planejar o texto, dê mais ênfase à qualidade de suas informações do que ao valor literário de suas frases, por exemplo.
2 Autor e Interlocutor: em segundo lugar, é necessário estabelecer as características do interlocutor a quem o texto se dirige e também as características que o autor pretende transmitir por meio da escrita. Os dois são descritos conjuntamente aqui porque não o mais importante não são as características de cada um deles separadamente e sim a relação que se estabelece entre os dois.
Por exemplo, se o autor e o interlocutor são amigos próximos, o texto poderá fazer brincadeiras e terá uma linguagem mais descontraída. No entanto, se o mesmo autor escrever para uma revista científica, terá um cuidado maior para não demonstrar características pessoais e usará uma linguagem mais formal. Dessa forma, podemos dizer que as características do interlocutor mudaram a forma como o autor aparece no texto.
Uma primeira distinção a ser feita entre os vários possíveis interlocutores é a seguinte: trata-se de um público genérico ou um leitor específico? Quanto mais específico for o interlocutor, maior é a necessidade de conhecer suas características e levá-las em conta durante a produção do texto. Quanto mais genérico for o público, maior deve ser a preocupação do autor em não direcionar demais o seu texto para um conjunto específico de pessoas. Por exemplo, é bastante conhecida a orientação para não usar argumentos religiosos em um texto dissertativo. Esse é um conselho útil devido ao fato de que a dissertação é um tipo de texto voltado a um leitor genérico, universal. Dessa forma, o uso de argumentos religiosos acabaria por restringir o número de leitores que se sentiria convencido pelo texto. Por outro lado, em uma carta dirigida a um interlocutor religioso, o uso de argumentos desse tipo é perfeitamente aceitável.
3. Meio: o meio, também chamado de ‘mídia’, é o suporte físico no qual o texto é apresentado. E aqui estamos nos referindo na apenas a textos escritos, já que a voz ou a imagem também são meios.
Uma palestra, por exemplo, pode ter o mesmo propósito e o mesmo público de um artigo de opinião. No entanto, o fato de as pessoas estarem ouvindo as palavras, ao invés de lê-las, deve causar mudanças na elaboração da mensagem. Um texto pode ter períodos mais longos, pois o leitor conta com a possibilidade de, ao não compreender algo, voltar atrás e ler novamente. Já em uma palestra, é muito provável que o autor use mais pontuação, para que haja pausas após os momentos mais importantes, e que as informações centrais sejam destacadas por meio de sua repetição (já que não é possível, por exemplo, destacá-las em negrito ou com uma fonte maior).
4. Linguagem: a forma como a linguagem é trabalhada no texto (com maior ou menor formalidade, em prosa ou em verso, por exemplo) também depende de sua situação de produção. Um texto escrito em um site voltado ao público infantil, por exemplo, buscará uma linguagem mais simples, enquanto um texto publicado em um jornal lido por cientistas poderá ser mais técnico, buscando o uso de termos precisos.
Uma confusão muito comum ocorre entre os conceitos de formalidade e clareza; muitos acreditam que um texto informal é necessariamente mais claro que um texto formal, quando o contrário pode ser verdade. Um texto formal é o que respeita a forma, adere a um padrão de escrita (sem o uso, por exemplo, de coloquialismos e regionalismos), enquanto um texto informal costuma ser mais específico: as gírias usadas para se dirigir a um público paulista, por exemplo, podem não ser as mesmas que um público amazonense compreenderia. Dessa forma, é perfeitamente possível escrever um texto formal (mas não rebuscado, ou seja, com termos excessivamente difíceis e pedantes) com o intuito de aumentar a clareza de suas ideias para o público leitor.
Com essas informações, é possível elaborar um texto em qualquer gênero. No entanto, veremos detalhes sobre alguns dos gêneros mais comuns nos próximos posts. Até lá.
Talvez isso já tenha acontecido com você: após escrever um texto e tirar uma nota boa, você tenta usar a mesma estratégia em todas as redações desse momento em diante. Por exemplo, você faz um poema e é bem sucedido. Na aula seguinte, o professor pede um artigo de opinião e você resolve fazê-lo em verso. Mas o resultado é ruim e você fica com a impressão de que seu professor é incoerente, porque elogiou suas rimas da primeira vez e as criticou na segunda. O que aconteceu na verdade foi o seguinte: o que funciona em um gênero pode atrapalhar em outro. Daí a importância de estudar as características de cada gênero.
Os gêneros textuais são definidos essencialmente por 5 elementos: Propósito, Autor, Interlocutor, Meio e Linguagem.
1 Propósito: a característica mais importante: um texto só funciona se o seu autor sabe exatamente o que pretende com ele. Por isso, a primeira pergunta a ser feita antes de se começar a escrever é “qual é o resultado que eu pretendo atingir com este texto?”.
Alguns propósitos típicos e gêneros em que eles aparecem:
Informar: textos didáticos, notícias, reportagens, palestras, aulas;
Convencer: editoriais, teses;
Persuadir: cartas argumentativas, discursos;
Entreter: contos, romances, novelas, piadas
Emocionar: poemas, romances, novelas, contos
Instruir: receitas, manuais de instruções
Note que um texto pode (e costuma) conter mais de um propósito. Um romance, por exemplo, pode emocionar, entreter, informar e instruir ao mesmo tempo. O importante é que o autor, consciente do resultado que pretende obter, mobilize os recursos mais adequados a cada propósito. Se ele pretende informar, por exemplo, é provável que o texto seja mais direto e menos pessoal. Também é recomendável nesse caso que o autor, ao planejar o texto, dê mais ênfase à qualidade de suas informações do que ao valor literário de suas frases, por exemplo.
2 Autor e Interlocutor: em segundo lugar, é necessário estabelecer as características do interlocutor a quem o texto se dirige e também as características que o autor pretende transmitir por meio da escrita. Os dois são descritos conjuntamente aqui porque não o mais importante não são as características de cada um deles separadamente e sim a relação que se estabelece entre os dois.
Por exemplo, se o autor e o interlocutor são amigos próximos, o texto poderá fazer brincadeiras e terá uma linguagem mais descontraída. No entanto, se o mesmo autor escrever para uma revista científica, terá um cuidado maior para não demonstrar características pessoais e usará uma linguagem mais formal. Dessa forma, podemos dizer que as características do interlocutor mudaram a forma como o autor aparece no texto.
Uma primeira distinção a ser feita entre os vários possíveis interlocutores é a seguinte: trata-se de um público genérico ou um leitor específico? Quanto mais específico for o interlocutor, maior é a necessidade de conhecer suas características e levá-las em conta durante a produção do texto. Quanto mais genérico for o público, maior deve ser a preocupação do autor em não direcionar demais o seu texto para um conjunto específico de pessoas. Por exemplo, é bastante conhecida a orientação para não usar argumentos religiosos em um texto dissertativo. Esse é um conselho útil devido ao fato de que a dissertação é um tipo de texto voltado a um leitor genérico, universal. Dessa forma, o uso de argumentos religiosos acabaria por restringir o número de leitores que se sentiria convencido pelo texto. Por outro lado, em uma carta dirigida a um interlocutor religioso, o uso de argumentos desse tipo é perfeitamente aceitável.
3. Meio: o meio, também chamado de ‘mídia’, é o suporte físico no qual o texto é apresentado. E aqui estamos nos referindo na apenas a textos escritos, já que a voz ou a imagem também são meios.
Uma palestra, por exemplo, pode ter o mesmo propósito e o mesmo público de um artigo de opinião. No entanto, o fato de as pessoas estarem ouvindo as palavras, ao invés de lê-las, deve causar mudanças na elaboração da mensagem. Um texto pode ter períodos mais longos, pois o leitor conta com a possibilidade de, ao não compreender algo, voltar atrás e ler novamente. Já em uma palestra, é muito provável que o autor use mais pontuação, para que haja pausas após os momentos mais importantes, e que as informações centrais sejam destacadas por meio de sua repetição (já que não é possível, por exemplo, destacá-las em negrito ou com uma fonte maior).
4. Linguagem: a forma como a linguagem é trabalhada no texto (com maior ou menor formalidade, em prosa ou em verso, por exemplo) também depende de sua situação de produção. Um texto escrito em um site voltado ao público infantil, por exemplo, buscará uma linguagem mais simples, enquanto um texto publicado em um jornal lido por cientistas poderá ser mais técnico, buscando o uso de termos precisos.
Uma confusão muito comum ocorre entre os conceitos de formalidade e clareza; muitos acreditam que um texto informal é necessariamente mais claro que um texto formal, quando o contrário pode ser verdade. Um texto formal é o que respeita a forma, adere a um padrão de escrita (sem o uso, por exemplo, de coloquialismos e regionalismos), enquanto um texto informal costuma ser mais específico: as gírias usadas para se dirigir a um público paulista, por exemplo, podem não ser as mesmas que um público amazonense compreenderia. Dessa forma, é perfeitamente possível escrever um texto formal (mas não rebuscado, ou seja, com termos excessivamente difíceis e pedantes) com o intuito de aumentar a clareza de suas ideias para o público leitor.
Com essas informações, é possível elaborar um texto em qualquer gênero. No entanto, veremos detalhes sobre alguns dos gêneros mais comuns nos próximos posts. Até lá.
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