segunda-feira, 29 de abril de 2013

Argumentum Ad Baculum (Apelo à força)

Algumas pessoas descobriram qual era a falácia: Apelo à Força, ou Argumentum Ad Baculum. Muito bem!



Na imagem, é mostrado um navio de guerra, mencionado como um "facilitador" da diplomacia. Trata-se de uma ironia: a diplomacia, teoricamente, seria uma forma de negociação por meio da troca de ideias e de discussões racionais; o poderio militar, no entanto, é um forte motivo para um país aceitar as propostas de outro, ainda que os argumentos não sejam os melhores. 

A falácia de Apelo à Força está dentro do grupo das falácias de "Apelo a Motivos (e não a razões)". Ou seja,  trata-se de uma situação em que um argumentador tenta convencer o outro a partir de elementos externos ao próprio argumento. 
É muito provável que o primeiro argumento Ad Baculum ouvido por você tenha vindo de sua mãe. Veja se você reconhece o diálogo abaixo:

"Você não pode comer doce antes do almoço!"
"Por que não?"
"Porque, se você comer, eu vou deixar você de castigo!"

Qual é o problema aí? É que o motivo para a criança não comer doce antes do almoço é algo extrínseco à ação. Ou seja, a ação de comer doce antes do almoço não parece ter nenhum problema em si mesma. O único problema é a punição prometida pela mãe. Por isso, quando a criança perceber que sua mãe está ausente, o mais provável é que ela coma todos os doces que conseguir.
 
O Apelo à Força é também uma falácia muito usada em discussões sobre crimes e punições:

"Você é contra a pena de morte? Cuidado, porque um criminoso pode acabar matando você e sua família."

 "Quem apoia a proibição da venda de armas de fogo vai se arrepender quando estiver de frente para um assassino."

Finalmente, há um argumento religioso extremamente comum que se baseia no Apelo à Força:

"Se você não acredita em Deus, vai acabar condenado ao inferno!"
 
Em todos esses casos, a situação falaciosa existe porque o argumentador não oferece razões para se acreditar na eficácia da pena de morte, da venda de armas de fogo ou em Deus: o que ele tentou fazer foi induzir o interlocutor a concordar com o seu argumento por meio de ameaças. 

É isso por enquanto. Mais falácias em breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário