sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Como entender a nota do Enem


Graças ao INEP, que liberou as notas do ENEM antes do esperado, milhões de pessoas ganharam um assunto a mais para discutir com a família nas festas de Natal e Ano Novo. Se você pretende participar dessas discussões com alguma ideia além de “odeio o governo e tudo que faz parte dele”, talvez este post ajude. Ele é um pouco longo, mas, como o seu público alvo é formado por pessoas que fizeram a prova do ENEM, isso não deve ser um problema.
A primeira polêmica diz respeito à TRI, ou Teoria de Resposta ao Item, que inclui o conhecido sistema Anti Chutation Tabajara (se você entendeu essa referência, aposto que não é seu primeiro ENEM...). A TRI é um modelo estatístico complexo que, em teoria, ajuda a garantir a justiça da prova, aumenta a qualidade dos dados analisados após o resultado do teste e permitiria até mesmo aplicar provas diferentes e obter resultados justos. Li vários textos a respeito da TRI e, embora nenhum mostre todas as variáveis usadas pelo INEP, é possível ter uma ideia razoável de como o sistema funciona.
De forma extremamente simplificada, o que acontece é o seguinte:
As questões são divididas em fáceis, médias e difíceis. Para se chegar a essa classificação, são feitos testes prévios com alunos do Ensino Médio (daí uma brecha para vazamentos, aliás). Ou seja, a questão mais difícil não é aquela em que VOCÊ teve mais dificuldade, mas sim aquela em que a MÉDIA dos alunos penou um pouco mais. É possível discutir a validade do método, claro, mas o fato é que a distinção não é arbitrária. O ENEM costuma fazer testes com 50 mil alunos.
A nota máxima não é 10 (ou 1000, na escala do ENEM), mas sim um valor baseado no desempenho médio dos candidatos. Vou usar aqui um exemplo prático, comparando com provas que você já fez na escola: se um dia seu professor deu uma prova muito fácil e todos acertaram todas as questões, a classe toda tirou 10, foi uma festa geral e seus pais ficaram muito orgulhosos. Se, no entanto, você tem um pensamento crítico mais apurado, pode ter percebido que essa nota 10 não significa muita coisa, pois até o Joãozinho, que dormiu o bimestre inteiro, conseguiu gabaritar a prova. Ou seja, nesse caso a nota é muito mais um indicador da facilidade da prova do que da capacidade de cada aluno.
Com a TRI é possível, claro, que todos tenham a mesma nota (embora eu desconfie muito que isso um dia vá acontecer com 4 milhões de alunos). O que muda é o valor absoluto atribuído nesse caso. Se, por exemplo, há dez questões e todos os alunos acertaram todas, a nota de cada aluno não será 10, mas 5 (que significa “exatamente dentro da média”). Já se há 10 questões (vamos considerar aqui que todas têm o mesmo peso e que a sala tem 10 estudantes) e um aluno acerta todas, enquanto todos os outros acertam 8, estes últimos devem ter nota 4,39 e o que gabaritou deve ter 5,49, por exemplo. Os números dependem dos parâmetros exatos; aqui eu dei só exemplos aproximados.
No ENEM 2011, por exemplo, as notas mínimas e máximas foram as seguintes:
O que isso quer dizer? Há várias informações que podemos tirar dessa tabela (e, analisando tabelas, você já treina para o próximo ENEM, se tiver ido mal no de 2011). Uma delas é que a prova de Matemática foi a mais difícil e a de Ciências Humanas foi a mais fácil (para a média dos candidatos, obviamente). Outra conclusão é a de que, em Linguagens, houve a menor diferença entre os candidatos com notas mais altas e os que tiveram as pontuações mais baixas (ou seja, provavelmente um número muito grande de pessoas teve as mesmas notas).
Portanto, não escreva nas redes sociais “como eh que eu errei so duas questão e tirei so 750 sacanage as que eu errei valia cada 125 ponto?!?!?!?!? #morrahaddad”. Também não faz sentido reclamar porque você acertou mais questões em Ciências Humanas e ainda assim sua nota foi mais baixa que em Matemática.
Existe um mecanismo antichute, cujos detalhes não são divulgados, mas que leva em conta a probabilidade de um candidato acertar as questões difíceis. Por exemplo, se um candidato acertou a questão fictícia 12 “qual é o volume da pirâmide abaixo?”, mas errou a questão fictícia 47 “qual é a área do triângulo abaixo?”, é bem provável que ele tenha acertado a 12 no chute. Nesse caso, o aluno terá sua nota da questão 12 diminuída (não zerada, de acordo com o INEP). Vamos dizer que a questão 12 vale 3 pontos (já que é uma questão difícil) para quem acertar a 47, mas vale apenas 2,5 pontos para quem errou a 47. Dessa forma, os alunos que chutaram a resposta tendem a ter uma nota mais baixa do que aqueles que sabiam. Mas ainda vale mais a pena chutar do que deixar a questão em branco.
Antes que alguém reclame: sim, eu sei que é perfeitamente possível que o aluno tenha errado ao passar o gabarito, ou que tenha se confundido, ou que estivesse cansado na hora de fazer a questão mais fácil, ou até que tenha estudado em um cursinho que só ensina a resolver questões difíceis. Porém, o que eu quero fazer aqui é explicar, não justificar. Não se tem acesso ao modelo exato que o INEP usa, mas sabemos que é algo nesse sentido. Acredito que o erro maior dos organizadores nesse caso não é nem aplicar um mecanismo antichute, mas sim deixar de explicá-lo em detalhes. Quando as regras do jogo não são claras, sempre parece que alguém está roubando.
Resumindo: suas notas nas questões do ENEM provavelmente fazem sentido, mesmo que você tenha gabaritado uma área e não tenha tirado 1000. “Quer dizer que eu não posso falar mal do governo por causa do ENEM? Vai ser um fim de ano muito chato...”. Não se desespere, jovem padawan: ainda não falamos da redação, esta sim um terreno fértil para reclamações justificadas (e, se a sua não for justificada, coloque no meio das outras disfarçadamente que ninguém vai perceber...).
Ao contrário das questões, a redação do ENEM recebe uma pontuação tradicional, de 0 a 1000. Portanto, nada de TRI, antichute nem pesos diferentes. Curiosamente, porém, é na correção de textos que há a maior injustiça da prova.
Charge ligeiramente exagerada sobre a correção de redações do ENEM

Quem acompanha as provas de vestibulares há algum tempo (no meu caso, há doze anos) percebe reclamações sobre as notas, eventualmente. No entanto, somando todas as reclamações que eu já ouvi sobre a Unicamp, a Fuvest e todas as provas feitas pela Vunesp, o número não chega nem perto das ouvidas após cada uma das edições do ENEM. Essas reclamações não são apenas de alunos que tiraram notas baixas, mas até, muito curiosamente, de alunos que tiveram um resultado melhor do que o esperado.
Se você ligou para o 0800 do INEP, deve estar cansado de saber como funciona a correção do ENEM, mas vou explicar aqui para o caso de você não ter perdido seu tempo com esse telefone: há dois corretores para cada redação. As notas dadas por um não são conhecidas pelo outro. Se houver uma discrepância de mais de 300 pontos, a redação é corrigida por um terceiro corretor, cuja nota substitui as outras. Até aí, nada absurdo: é o mesmo processo usado em várias provas sérias pelo Brasil. Não vou comentar cada um dos cinco critérios usados para pontuar os textos, mas você encontra um link para eles no final do post.
O verdadeiro problema é uma falta de qualidade dos profissionais, que se dá pelo próprio gigantismo do ENEM. Este ano, quase 4 milhões de pessoas prestaram o exame (para se ter uma ideia, o número de candidatos na Unicamp é de cerca de 50 mil e na Fuvest é próximo de 150 mil), o que exigiria, para a correção dos textos, um número enorme de corretores (calculo algo em torno de 10 mil; de acordo com informações do UOL, foram 3.190 corretores e 160 supervisores, lendo em média 3,3 mil redações em cerca de um mês). As exigências são muito baixas: formação em Letras e no mínimo dois anos de experiência na função. Imagino que a “função” seja a de corretor de textos, o que é um tanto vago, já que a maioria das escolas não tem um profissional específico para isso e delega a tarefa ao professor de Língua Portuguesa. E, como qualquer um que já trabalhou alguns anos na área sabe, a correção de redações na escola é um processo bastante subjetivo e evitado pela maioria dos professores, já que leva um tempo longo e não remunera adequadamente o profissional. Aliás, já falei sobre isso num de meus primeiros posts: http://temqueportitulo.blogspot.com/2011/11/de-onde-vem-as-lendas-de-redacao-parte_1170.html
A dificuldade não se resume, no entanto, à ausência de bons profissionais de Redação no Brasil. Há também o pagamento baixo, que leva os melhores corretores a não se interessar pelo trabalho, e a falta de treinamento. De acordo com reportagem do jornal Estado de S.P., de 25 de fevereiro de 2010, (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,centro-atrasa-pagamento-de-corretor-do-enem,515876,0.htm) muitos corretores tiveram um treinamento de apenas 3 horas antes de começar o trabalho e outros nunca tiveram um curso presencial de correção, apenas orientações passadas online por supervisores. O valor pago em 2009 foi de 1 real por redação e o número de textos a corrigir por dia (entre 100 e 200) impossibilitava uma leitura mais atenta. Mas o que mais me chamou a atenção nessa reportagem foi uma fala de Luiz Mário Couto, coordenador de provas da Cespe: "São todos professores de língua portuguesa, não cabe a nós ensiná-los como corrigir”. Ora, essa declaração parece ignorar completamente o estado da educação no Brasil. Ser professor de português não significa que a pessoa saiba atribuir notas a um texto, muito menos que um dia tenha sido preparada para isso. Muito mais importante, os critérios específicos de cada prova têm sim que ser ensinados, mesmo para corretores experientes. Caso contrário, um corretor que costuma trabalhar na Fuvest, por exemplo, terá um grau de exigência muito maior do que um professor que corrige redações de alunos do primeiro grau em uma escola pública.
O que concluímos até aqui, caro leitor? Concluímos que, no ENEM, o principal fator que determina a pontuação de um texto é a personalidade do corretor. Como há muitos profissionais com pouca formação e quase nenhum treinamento específico, é natural que as notas sejam atribuídas a partir de critérios subjetivos. Um deles, aliás, é incentivado pelo próprio INEP: o respeito aos direitos humanos. Esse critério (que não existe em nenhuma prova séria) abre uma brecha gigantesca para que os corretores levem em conta seus próprios valores na hora da correção. Por exemplo, se um candidato escreve um texto que defende a preservação da Amazônia (esse tema cai no ENEM a cada 3 anos, aproximadamente), mesmo que para isso várias comunidades percam o seu sustento, um corretor pode considerar que o texto desrespeitou os direitos humanos e, dessa forma, sua nota será mais baixa. Outro corretor, no entanto, pode acreditar que a preservação ambiental é muito importante para que o maior dos direitos humanos, a vida, seja respeitado. Esse outro profissional daria uma nota alta à redação nesse critério.
É verdade que há dois corretores e que, se as notas dadas forem muito discrepantes, haverá uma terceira correção. Mas esse método não funciona se houver um baixo nível de exigência por parte dos organizadores da prova. Dessa forma, a probabilidade de uma redação qualquer ser corrigida por dois profissionais pouco preparados é muito alta. E é bastante provável que esses corretores levem em conta não os critérios que provam a qualidade do texto, mas sim seu gosto subjetivo. Se ambos tiverem uma opinião parecida (o que é sempre possível), a prova não será mandada para a terceira correção. Também pode acontecer de um corretor querer evitar que seus textos vão para uma terceira correção, pois um excesso de redações com discrepância pode levá-lo a não conseguir o trabalho no ano seguinte. Qual seria a melhor forma de garantir isso sem muito esforço? Basta dar 500 a todos os textos, porque dessa forma só haverá discrepância se o outro corretor der notas acima de 800 ou abaixo de 200, o que são casos bem mais raros. Se quiser garantir mesmo, o corretor pode ler rapidamente cada texto e dar nota 600 ou 700 para os que parecerem minimamente adequados e 300 ou 400 para os que estiverem com muitos problemas de gramática. Ou seja, a correção de redações do ENEM é muito mais aleatória do que deveria.
Portanto, se quiser criticar o ENEM, não gaste sua energia reclamando das notas difíceis de calcular por causa da TRI. A correção da redação é muito mais problemática e injusta e merece um volume de críticas bem maior.
(Atualizado em 27/11: graças à leitura do site enemurgente.com, percebi um detalhe que tinha deixado passar: a fórmula do TRI faz com que nenhum matéria tenha pontuação 1000 e leva em conta o desvio padrão. No entanto, a redação pode chegar à pontuação máxima (com alguma sorte) e ignora totalmente a dificuldade do tema e o desempenho dos demais candidatos. Dessa forma, temos dois critérios muito diferentes compondo uma média, o que faz com que o exame seja ainda menos preciso do que parece!)

É isso por enquanto. Tenho algumas sugestões sobre esse assunto, mas, como isto não é uma redação do ENEM, a proposta não é obrigatória e eu vou deixar para outro post. Aceito sugestões nos comentários também e prometo comentá-las assim que possível. Até a próxima e boas festas.
Alguns link úteis para quem quiser se aprofundar:

Site do movimento ENEM URGENTE, com mais detalhes sobre o TRI e uma proposta de mobilização contra o atual modelo do ENEM:
http://www.enemurgente.com/

Declaração de um corretor a um blog da revista Veja:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/um-relato-que-denuncia-que-o-enem-de-haddad-e-irresponsavel-e-fonte-de-injustica-o-aluno-depende-do-arbitrio-de-quem-corrige-a-prova-nao-da-sua-competencia/ 
Respostas para várias dúvidas sobre o ENEM:

Texto explicando o funcionamento da TRI:

Critérios de correção da redação ENEM:

22 comentários:

  1. Me senti menos injustiçada em relação ao ENEM, agora que li esse post.
    O sitema TRI, enfim, foi bem explicado. Parabéns pelo trabalho, Cicero!
    A único motivo de indignição agora é realmente a correção da redação, que eu não acredito que melhore, já que ´não há cabe a eles ensinar professores de língua portuguesa a corrigir´. É uma piada.

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  2. Concordo com o que disse a Thaís. Que coisa ridícula, não poder ensinar o professor a corrigir. Muito pelo contrário, isso deveria ser a OBRIGAÇÃO do Estado. Profissionais com três horas de antecedência? Que palhaçada é essa? Não à toa o país está tão na lama assim, quando o próprio governo apoia a correção "nas coxas". Ora, um sortudo que não escreve bem pode ter tirado o lugar de um aplicado estudante numa universidade, já que a redação deste azarado e aplicado estudante foi parar nas mãos de dois incompetentes e mal-humorados corretores! Que país é esse? Certo, aceito o sistema TRI, mas esse sistema de correção de redações é inadmissível! Não à toa que grande parte dos profissionais brasileiros são considerados incompetentes, quando vistos por olhos de empresas estrangeiras. Quando nem mesmo o governo incentiva o estudo, fica difícil. No mais, Cícero, excelente texto, e força com o blog! ^^

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  3. Continuo extremamente insatisfeita com o Método "Anti chutation Tabajara", com o TRI e com a redação, mas sei que não adianta criticar e nem reclamar!

    Queria que essa prova acabasse, ela mais atrapalha do que ajuda (psicológicamente pelo menos).

    Toda a confiança que se ganha com os resultados da UNICAMP e da FUVEST, vai por água a baixo quando se tem acesso a notas ruins no ENEM... Por mais que eu saiba que ENEM não avalia descentemente a redação, perdi toda a confiança que eu tinha na minha capacidade, e está difícil trabalhar isso...

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  4. Natali. O problema do ENEM é que ele é uma prova que tem uma proposta muito boa, mas justamente por causa do seu "gigantismo", como disse o Cícero, ele está exposto a falhas. Para nós, que estamos acostumados com resultados absolutos, como uma Fuvest, onde 74 É 74 e ponto final, fica difícil entender algo que tenta adivinhar se você chutou ou não (detalhe: esse ano a unicamp já "inovou" no corte, divulgando a nota padrão ao invés da nota bruta de corte...). Só acho que se foi assim pra todo mundo, não fica tão discrepante. A falha na redação é que é algo preocupante... Nesses casos eu vejo muita injustiça, afinal, como explicar que alguém que passa na PUC com boas notas na redação merece menos da metade da nota máxima na redação do ENEM, onde (ao meu ver) o universo de candidatos permite comparações menos ricas?

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  5. Muito bom, Cícero! Eu acho que a maior ironia do Enem é a de ele ser anunciado como O processo democrático de seleção de candidatos.

    Eu queria saber se vai dar para pedir a revisão da correção da redação desse ano... Voce sabe, Cícero? Voce acha que ela poderia ser mais criteriosa?? Eu quero pedir da minha!!

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  6. Esse TRI é um sistema muito pessimista! "Se eu acertei a dificil e errei a facil, eu chutei a dificil".

    Ora pq não "se eu acertei a dificil, devo ter errado a facil por distração, assim minha nota deveria ser maior".

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  7. Meu querido, a questão da correção das redações do Enem é muito mais complexa do que você imagina. Achar que, de fato, dois corretores analisam a sua prova é uma completa ingenuidade. Conheço vários corretores do Enem e pelo que sei a coisa não funciona assim. Eles precisam entregar as redações corrigidas em prazos muito curtos e existem corretores que chegam a corrigir até 4 mil redações ou mais em um curto espaço de tempo, e esse ano parece que o prazo foi muito mais curto por conta do adiantamento da liberação das notas. Se não acredita nisso veja o depoimento de um ex-corretor do Enem. Se há uma coisa que esse processo não é, é justo.

    Link com o desabafo de um ex-corretor do Enem.
    http://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=259126464146646&id=100001478846820

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  8. @Carol Anjos: oi, Carol. Obrigado pela sua participação e pelo link. Achei muito instrutivo. O único detalhe a comentar é que não há como afirmar, a partir da conversa com os corretores, se as redações são ou não corrigidas por duas pessoas. Afinal, os corretores só têm informações sobre as redações que eles mesmos corrigem: é impossível um corretor garantir que sua redação não passou por outro profissional. Mas, mesmo assumindo que o INEP seja honesto e realmente haja dois corretores por texto, fica muito claro que o processo é injusto. Abraços.

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  9. @Isabella: oi, tudo bem? Obrigado pela participação. Eu gostaria de dar outra resposta, mas infelizmente não é possível recorrer nem pedir revisão de nota. A correção até poderia ser mais criteriosa, mas isso dependeria de uma mudança estrutural no processo. Vou fazer algumas propostas em um próximo post. Abraços.

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  10. Olá cícero, como sempre, um ótimo texto. Um tom tão leve que o texto nem parece tão gigante assim. Igualzinho a prova do ENEM. Ou não.
    Enfim, o que me chateia na verdade, não é nem o sistema de TRI ou do uso de aplicativos para smartphones de corretores automáticos para as redações, por que afinal de contas, cada órgão tem o seu sistema de avaliação e impõe as regras que lhe convir. O que realmente me deixa triste, é saber que as faculdades(com destaque, para as federais) ficam sem saída e quase obrigadas a usar o ENEM para obter as destinações de verbas maior por parte do governo federal, e com isso, fazer com que nós, alunos que ralamos tanto para faculdades como a USP ou a Unicamp termos que prestar uma prova como o ENEM, que no fim das contas é só uma prova pra quem não acompanha todo o processo ver os clichês de "AGORA É JOVEM NA UNIVERSIDADE" "ENEM É OPORTUNIDADE DE QUALIDADE PARA TODOS" BLABLABLALBLA...

    Além disso, é vergonhoso constatar que Brasil à fora existem faculdades que estão aprovado seus alunos com pontuações próximas a 300 pontos, ou seja: aprovam-se alunos que podem ter chutado praticamente a prova inteira não fizeram nada, e entrarão na faculdade... provavelmente despreparados e sem base alguma.

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  11. NÃO É POSSÍVEL QUE TANTOS ALUNOS SE SINTAM INJUSTIÇADOS E ISSO SEJA CARACTERIZADO COMO UM PROBLEMA DO SISTEMA. PERAÍ... ALGUMA COISA ESTÁ MUITO ERRADA, OU MELHOR, MUITAS COISAS!!!! PRECISA-SE REVER CRITÉRIOS DE CORREÇÃO, OU AINDA, MUDAR A FORMA DE USAR UMA AVALIAÇÃO QUE POR SI SÓ SE APRESENTA SEMPRE INJUSTA, QUAL SEJA, A CLASSIFICAÇÃO QUE VISA ELIMINAR E NÃO MEDIR CONHECIMENTOS!!!!! Não concordo com nada disso!!!!!! E, afinal, me sinto a vontade de poder emitir opinião e críticas, pois tenho APENAS 36 anos de magistério como pedagoga!!!!

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  12. Cícero, parabéns pelo texto e pelas informações passadas, deveras esclarecedoras. Busquei informações sobre a redação justamente por um motivo oposto ao, creio, da maioria: tirei 1000, nota máxima, na redação. Nao que eu tenha feito um texto ruim, mas, confesso, por nao me submeter a este tipo de procedimento avaliatorio há anos... Portanto, minha expectativa era baixa. De toda forma, por obvio, fico feliz com o resultado por mim obtido. Um forte abraço! Ass Caio Marcondes, de Belo Horizonte

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  13. Existe no Facebook um grupo que pretende tentar a recorreção dos textos pelo ENEM, via denúncia no MPF. Não acho que o INEP vai fazer a recorreção, até porque o número de textos é absurdamente grande, mas talvez uma mobilização chame a atenção da mídia e leve as universidades a desconsiderar a redação do ENEM na composição da nota (coisa que a Unicamp e a USP já fazem). Quem quiser participar, aí vai o link:
    http://www.facebook.com/groups/198703623554414/

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  14. Realmente a redação é o problema mais crítico do ENEM. E o fato das outras ciências que compõem a nota do ENEM nunca chegarem a pontuação máxima (1000), aliás ficarem até abaixo de 800, caso do ano de 2011 para Ciências Humanas e Linguagens, tornam o peso da redação ainda maior na composição da nota final usada para o ingresso nas universidades.
    A maneira de calcular a média do ENEM somando as notas e dividindo pelo somatório dos pesos, já gera discrepância por si só, pois a ciência que naquele ano teve nota mais alta do que as outras acaba tendo um peso maior na média final. Por exemplo, esse ano matemática tem um peso maior, já que sua nota máxima foi 953! As notas máximas e mínimas do TRI deveriam ser normalizadas novamente, para que todas as matérias tenham a mesma nota mínima e máxima (e que está coincida com a nota mínima e máxima da redação também), dessa forma cada nota irá contribuir com o mesmo número máximo de pontos para a composição da média final. O que mais me assusta é que um problema tão óbvio como este não tenha sido pensado e evitado antes, e para completar o fato de federais de ótima qualidade e com cursos muito concorridos tenha que se sujeitar a um modelo de seleção de candidatos que ainda não está consolidado, tendo ainda muitas arestas para serem aparadas

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  15. Se for constatado que realmente a nota dessa aluno (da reportagem abaixo) foi realmente "trocada", o problema é bem maior do que imaginamos, afinal já temos 1 caso, quantos existem em 4,5 milhões?? 1% de erro já seriam 45 mil notas trocadas!

    MÔNICA BERGAMO (colunista do Jornal da Folha de São Paulo)

    LINHA CRUZADA

    O colégio Lourenço Castanho (SP) entrou com ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para ter acesso à prova do Enem de um de seus alunos, de 17 anos. Considerado "brilhante", ele teve sua redação anulada. O aluno procurou o Inep, instituto do MEC que aplica o Enem, que afirmou que sua prova havia sido corrigida por três pessoas. A escola concluiu que seu exame foi trocado com o de outra pessoa.

    O jovem é um dos 16 alunos do Lourenço Castanho beneficiados pela bolsa Ismart, que ajuda estudantes de baixa renda a entrar em colégios particulares. Ele passou na primeira fase de Economia da Fuvest e ainda tentará universidades federais cuja seleção é exclusivamente feita pelo Enem. O MEC está verificando o caso.

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  16. ENEM – A GRANDE FARSA NACIONAL

    É um fato conhecido que as séries anteriores na escola são pré-requisitos para as que a sucedem. Assim, um aluno não pode passar para o ensino fundamental sem ter sido alfabetizado, assim como não pode passar para o ensino médio sem dominar o conteúdo do ensino fundamental.
    Finalmente, é fácil ver as cadeiras de Farmacologia e Bioquímica, para quem vai cursar Medicina, odontologia e farmácia têm, como pré-requisito, o conteúdo de Química e Biologia ministrado no ensino médio e em nível aprofundado. Não basta saber ciências da Natureza para acompanhar o ritmo dessas cadeiras na universidade. É preciso ter sido um bom aluno no ensino médio. Nós conhecemos o alto (excelente) nível de educação praticado dentro da Universidade Federal do Ceará (e tantas outas federais) sendo, até hoje, motivo de orgulho para os cearenses no cenário nacional.
    É fácil ver que as cadeiras de Cálculo I, Cálculo II e Eletromagnetismo, para quem vai cursar Engenharia Elétrica, têm como pré-requisito, o conteúdo de Matemática e Física que foi ministrado no ensino médio e num nível aprofundado. Não basta saber geometria e regra de três simples e composta para acompanhar o ritmo dessas cadeiras na universidade. É preciso ter sido um bom aluno no ensino médio. Nós conhecemos o alto (excelente) nível de educação praticado dentro da Universidade Federal do Ceará (e tantas outas federais) e queremos continuar tendo orgulho dele.
    Prezados senhores, a quem estamos querendo enganar com essa proposta do ENEM ? Estamos colocar para dentro da universidade qualquer aluno que saiba regra de três, juros, porcentagem, saiba interpretar gráficos e textos ? Vamos mesmo ignorar o fato que o Curso Universitário (3º grau) é a continuidade do ensino médio (2º grau) ?
    Retirar o vestibular tradicional e substituí-lo por uma prova não-conteudista não é a forma eficaz de aumentar a quantidade de alunos da escola pública dentro da universidade pública. Temos a impressão de estar resolvendo um problema, mas estamos criando outro problema bombástico maior, visto que esse aluno não-conteudista não tem os pré-requisitos para acompanhar as matérias tradicionais dos cursos de engenharia, medicina, odontologia, farmácia e tantos outros, eles serão estranhos no ninho dentro da universidade federal. Estamos tampando o sol com uma peneira e transferindo para os professores universitários a missão de ensinar a esses alunos os conteúdo de 2º grau e 3º grau, visto que eles entrarão não universidade federal LEIGOS em conteúdo. Vamos causar um ENTRAVE no sistema educacional. O governo vai pousar no cenário internacional com melhores índices de educação, com cada vez mais estudantes da escola publica freqüentando a universidade pública, mas NUMA FARSA que só Deus sabe onde vai parar. A quem o ministro Haddad da educação está querendo enganar ? Será que essa verba de 200 milhões vale tanto a pena assim a ponto de sacrificar todo o histórico seriedade e compromisso da universidade federal com o ensino de qualidade ?
    Se o governo quer aumentar a quantidade de estudantes da escola publica dentro da universidade publica, ele deve dar condições de os alunos da escola publica assimilar mais conteúdo, dar condições de eles atingirem os pré-requisitos para entrar na universidade publica, dar condição aos professores da escola publica de fazerem seu papel de forma mais eficiente para que seus alunos possam concorrer de igual para igual com os alunos que tem ensino de qualidade e não, passando a desprestigiar aqueles estudantes que tem conteúdo.

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  17. A “falácia” de dizer que vestibular é decoreba agrada bastante aos pedagogos do ENEM, mas qualquer um que vá fazer cadeiras dentro da faculdade da área de Saúde dentro da universidade federal sabe as centenas de nomes de ossos e músculos que precisam saber de cabeça logo nos primeiros semestres da faculdade. A palavra “decoreba” é utilizada em sentido pejorativo em todas as matérias da mídia pró-enem e aqueles que se sentem incapazes de aprender as ciências exatas se escondem através dessa cortina para desprestigiar os estudantes e professores conteudistas e pintar uma “realidade” irreal do ensino.
    Prezados amigos. Não podemos sacrificar o nível e a qualidade da faculdade publica em prol dos interesses do governo de melhorar os índices de educação do Brasil a todo custo. Já basta o fato de que, hoje em dia, a infinidade de faculdades “faz de conta” que fazem um exame vestibular “faz de conta” que permitem que, hoje em dia, literalmente, qualquer pessoa que possa pagar R$ 100,00 por mês possa obter um diploma de 3º grau meramente financiado em 02 anos, um diploma sem conteúdo, vazio. As universidades públicas ainda são o ultimo reduto do conhecimento, da tecnologia, do ensino de qualidade onde se prestigia e se valoriza o conteúdo e a informação. Para ser professor universitário não são aceitos mas nem candidatos com mestrado mas sim, candidatos com doutorado, visto que mestrado e graduação no Brasil são financiados em 24 parcelas de R$ 100,00 em inúmeras faculdades particulares em cada esquina de sua cidade. Ou seja, a universidade federal AINDA se valoriza e AINDA se respeita, ao contrário de tantas outras faculdades que só visam ao lucro.
    Assim, torno a dizer que não podemos sacrificar o nível e a qualidade da faculdade publica em prol dos interesses do governo de melhorar os índices de educação do Brasil a todo custo.
    Devemos manter o vestibular tradicional, aprimorando-o na medida do possível e passar a cobrar do governo medidas mais eficazes para melhorar a qualidade da escola pública. Nem o PISO salarial dos professores de escola publica em Fortaleza estão sendo respeitado. É lei, está na lei, mas estão fazendo pouco caso do piso salarial dos professores públicos. Abramos o olho ! Não é apoiando uma farsa nacional que vamos resolver o problema do acesso dos estudantes da escola publica à universidade publica não. É sim, valorizando o professores da escola publica, pagando seus salários em dia, melhorando as estruturas físicas das escolas, ampliando bibliotecas, investindo em livros.
    Não podemos sacrificar o último reduto do ensino de qualidade no país: as universidades públicas.



    Renato Brito Bastos Neto
    (meu perfil no facebook)

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  18. Oi, Cícero. Tudo bem?
    Sou repórter do jornal Extra, do Rio, e estou fazendo uma matéria sobre o Enem. Você poderia me passar seus contatos?
    Obrigada!
    meu email: beatriz.ferreira.rpa@extra.inf.br

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  19. Sou um sujeito que lê bastante e tem blog próprio. Diante da pressão durante a prova não fui bem. Tirei 440. Uma pessoa bem próxima a mim, a quem ensinei o B-A-Bá e de quem conheço os textos tirou 700!
    Concordo que a redação deveria ter um peso importante na formação dos cidadãos. Inclusive tenho consciência de meu mal desempenho, mas estou bastante desconfiado da forma como as notas estão sendo atribuídas. É ao esmo? Varia com o humor do avaliador? Com a posição da lua? Desculpem meu sarcasmo.

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  20. Oi JUUUUUUUUUUUUUU!
    Gostei muito do que você escreveu no seu "blog". Agora estou ansiosa em poder ler o que você vai postar sobre o curso de redação.Ah, quando você escreve sobre a Escola Estadual,a nomenclatura mudou. Agora é Ensino Fundamnetal e não mais Primeiro Grau.Não se esqueça dos simples mortais, hein???Beijo e parabéns!!!!!!!

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  21. Tive vista de redacao e realmente a correcao foi absurda. As notas dos corretores nao convergem e os alunos sao penalizados com a media da nota de dois corretores ou caso a redacao tenha ido para um terceiro corretor a nota desta ultima avaliacao sera a nota final. O criterio de correcao esta muito subjetivo ou os corretores nao estao com o mesmo nivel de entendimento. Socorro! A falta de preparo eh do INEP mas por enquanto quem esta pagando a conta sao os alunos. Obrigada ENEM a ensinar ao meu filho tao cedo que a vida nao eh justa.

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  22. Não tenho do que reclamar, sempre procuro copiar a minha redação e depois solicito a correção com um professor de português aqui da escola pública do bairro. E percebo que a nota sempre é bem próxima a nota que tomei
    .Acredito que para corrigir uma redação existem critérios básicos. Não sou uma das melhores, mas estou acima da média, o meu maior problema é a matemática. Um abraço bem caloroso para todos.
    Rita de Cássia Costa.

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