Às vezes, lendo críticas a comportamentos relativamente recentes, fico impressionado com o tanto de preconceito que os "argumentos" usados revelam e com o fato de os críticos não perceberem que as características apontadas como problemáticas já estavam presentes em muitas atividades mais consolidadas.
Então, fiquei pensando no que aconteceria se, por exemplo, a leitura fosse um hábito surgido há pouco tempo (digamos, após os videogames). Aposto que leríamos
textos como este:
Uma
geração de idiotas
Quem
me conhece sabe que eu não sou preconceituoso nem quero soar
alarmista, mas é preciso perguntar: o que está acontecendo com a
nossa juventude? Ultimamente, só se fala da nova diversão das
crianças e adolescentes em todos os lugares: o livro. Para quem
ainda não sabe, trata-se de uma encadernação de páginas de texto,
normalmente sem figuras (!), em que os adolescentes gostam de ler
histórias monótonas e conselhos óbvios. Moda passageira? Talvez,
mas veja o estrago que esses livros vêm causando:
Passividade
Em
um livro, tudo já está pré-determinado: o jogador (agora ele é
chamado de “leitor”) não tem nenhuma participação, nenhum
desafio, nenhuma decisão a tomar. Não bastassem os games exigirem
cada vez menos habilidade (que saudades do Mega Man...), agora surgem
esses livros e tornam nossos jovens em espectadores passivos de um
enredo construído por outra pessoa. Veja o absurdo: um bom leitor e
um mau leitor vão terminar o livro exatamente da mesma maneira (no
máximo, o bom leitor vai terminar um pouco mais rápido). E a
meritocracia, onde fica? É esse o valor que queremos passar para
nossos jovens?
Nesse
ritmo, chegará o dia em que os vestibulares, ao invés de aprovar o
candidato que consegue chegar ao nível 70 em World of Warcraft em
menos de duas semanas, vão simplesmente perguntar o que o aluno leu
em um desses livros.
Quem
está mais preparado para a sociedade competitiva dos dias atuais?
Falta de interação social
Esqueça
as risadas, as brincadeiras, o companheirismo: o livro é tudo que
importa. Os jovens ignoram uns aos outros em casa, nas escolas, nas
festas... cada um voltado para seu próprio livro, mesmo que o mundo
esteja caindo ao seu redor. E depois, suas conversas são sobre os
próprios livros! Einstein já havia dito: "Temo
o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo
terá uma geração de idiotas". Imaginem o susto que ele teria
se soubesse que o grande responsável pelo isolamento dos nossos
jovens é uma “tecnologia” que poderia ter sido inventada há
séculos...
Por
que temer uma invasão zumbi, quando você já se comporta como um
zumbi?
Em breve, cenas como essa serão parte do passado...
Influências negativas
Mas
o pior de tudo é a influência que esses livros podem ter sobre
nossos jovens: ao contrário dos games, em que cada jogador escolhe
como vai agir, mudando o rumo da história e sendo recompensado ou
punido por suas ações, os livros têm resultados que refletem
apenas as crenças do autor: se ele quer nos fazer crer que a
preguiça é algo positivo, basta criar uma história em que um
preguiçoso se dá bem no final. Os jovens, que ainda não jogaram
games em quantidade suficiente para ter senso crítico, acabam
acreditando! E ainda há livros que incentivam a violência. Sim,
alguém pode argumentar que alguns games também contêm violência,
mas é diferente: quando você joga God of War, sabe que é tudo
fingimento. Além disso, você pode tomar as ações que quiser ali
mesmo, dentro do jogo. Já os livros apenas falam, falam e falam,
deixando para o mundo exterior as ações que o leitor
inevitavelmente vai querer praticar. Isso para não mencionar os
livros que são fictícios, mas nunca deixam isso claro. Já há
pessoas levando esse tipo de livro a sério e querendo que todos os outros façam o mesmo!
Até
quando veremos manchetes como essa?
Se
você se preocupa com seus filhos, mantenha essa praga longe deles!
Está nas nossas mãos decidir o tipo de mundo que queremos deixar
para as próximas gerações!
Fiquem
com Goku.
Interessante sua forma de colocar os fatos.
ResponderExcluirEstamos vivendo um relativismo de tudo!...
ResponderExcluirSó discordando da parte que os games exigem poucas habilidades, pelo contrário. Entretando, excelente reflexão!
ResponderExcluirAcho que essa foi a melhor exemplificação de como se pode expôr algo que é novo ou desconhecido à parte da sociedade como algo prejudicial nos meios de comunicação, e convencer as pessoas de que algo que (sem exageros) é inclusive saudável, é algo perigoso. Muita gente precisava ler esse post pra entender melhor o que a mídia faz em relação aos videogames no dia de hoje.
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